victor observa. sentado. mão na altura do piru. pernas abertas. Analu gira encostada na parede.
victorr- janela aberta. descreve o ceu. as eras na janela emolduram o quadro-janela. analu passa pelo victor como se fosse parede.
rory senta na frente. do caminho de analu.
ana - você pode me fazer um favor?
rory - o que?
ana - você pode me medir?
rory - (levanta, gira a analu duas vezes, pula em cima e permanece)
ana - e ai?
rory - razoável----
rory observa. centralizada. olha para cima, pernas coladas no corpo. olha para cima. pernas.
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ines - vc quer passar
ele - achei que ia pedir desculpas
ines - eu fui sincera querendo te oferecer um caminho. deixa. vc tá concentrado e tu?(para elisa)
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ana - uma placa de plastico branca so de um lado pq alguem pintou errado, BOM
rory monta em ines que está de quatro. rory levanta
rory- vc nao acha a gente muito pretensicosa
ines - talvez
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inês dá um beijo de língua na mão de rory.
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rory - 1… é pq eu tenho que contar, né… porque todo mundo que chegou aqui, contou… eu vou contar as tomadas, depois os tacos do chão. aí eu vou contar os livros. depois os canos… mas eu não vou contar os que eu imagino. depois eu conto os dedos. e as sacolas plásticas. e também as litras do chão, os chinelos, a cortina, os pontinhos da cortina. os tracinhos sutis da cortinas.. aí eu vou sair contando. o taco. depois … não primeiro as tomadas. depois os tacos. depois vou poctar. esqueci as percianas. do início. primeiro as tomadas. depois os tacos. depois as percianas. depois o que não vale imaginar. depois quantas pessoas estão rolando na sala. depois a blusa preta a calça cinza. a doro. vou contar a dor. depois os dias. quantas vezes minah sinusite me incomoda. depois as noite. depois um causo que aconteceu comigo. dentro dessa sala. tinha 3 pássaros no céu. vou contar o abajur. contar números. e as persianas. não. é. mas eu não vou contar o que eu imagino não… porque tem que ser concreto. daqui a pouco eu não posso contar com isso.
ana - ai, poxa. ei você pode rodar mais para lá
victor - é uma escolha. você só vai me machucar se quiser.
ana - desculpa, já to tirando minha roupa e a gente nem se conhece
victor - fica a vontade. quer uma maçã?
rory- vou contar as maçãs
ana - quero
victor - da antiga ou da nova?
ana - pega a maçã
victor - vc é muito simpática
ana - pega a maçã
vitor - calma. continua
ana - levanta e pega a maçã pra mim
(victor sai)
ana - FIM
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A tenta girar como o mar. é na falha que acerta. B ganha intimidade com o chão. C descobre um braço que leva o corpo. B gira pelo ombro com os braços moles. D num balé desesperado. a tontura morde a orelha de pelo menos dois. preciso ligar para a minha avó. preciso comer alguma coisa. enjoada. de novo. A tenta abrir os ventos com o bico da mão. é infeliz cada vez que descobre sua matéria. C agora é extensão da perna. D não para de pensar em A B e C. 5 minutos. então. não mais. A percebeu que não dá pra ser feliz que nem as folhas porque a felicidade não existe. não. as folhas não existem. não. mundinho escroto de merda.
na metade na piscina, os 4 nadadores percebem que as rais limitam as suas existências. cansados de buscar o sentido do nada passam a olhar em volta como se buscassem no outro a si mesmo. C observa. todos se sentem sozinhos ao buscar o outro. PIIIII. 5 minutos. é difícil escrever comendo. uma tosse acaba com a atmosfera. quando um quebrar a raia, a raia deixa de existir. é assim que funciona. C gesticula compulsivamente, sem que o resto do corpo obedeça.
- que susto
- desculpa. às vezes eu tenho espasmos
- tudo bem. tava tudo calmo antes de você chegar
- desculpa
- era chato
- eu podia me apaixonar por você
- isso é um espasmo?
- o que? acho que é.
- eu gosto
- você é esquisito
- será que você podia ficar mais um pouco?
- ah, não. se eu ficar, eu morro?
- sério?
- não. mas eu durmo por dez anos
- e você continua tendo espasmos?
- é só o que fica
- tudo bem para mim, então
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homem - opa. uma mulher acbaou de morrer assim
ines - como?
homem - assim. esbarrou, não pediu desculpas, caiu aqui no metro.
ines - ela se jogou?
homem - nao. esbarrou. nao pediu desculpas eu te joguei no metro
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ines - e essas flores?
ana - que flores?
ines - essas flores todas
ana - ah, é.
ines - lindas
ana - nao acho
ines - é. porque tão mortas... são lindas mortas
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um círculo reverbera os movimentos - imagem de um bote salva-vidas
é noite.
a linha da fresta da porta
o contorno de luz da janela
todo o resto breu.
acendo um cigarro
tomo um calmante
observo a brasa
ganhando vida.
a pálpebra pesa
ponho fogo em mim
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só existe espera.
ana espera na cadeira um pouco desconfortável. rory senta de pernas cruzadas no banco.
ana: posso te perguntar uma coisa? pq vc sentou de costas p mim?
rory: nao te conehço. calor, né?
posso te perguntar alguma coisa?
ana: vc nem me conhece... pode
rory: vc tá aqui ha muito tempo?
ana: o bastante... to indo tá
ana sai. victor senta
victor: lincença. vc acha que vai demorar muito?
rory: to aqui há bastante tempo.
victor: cheguei agora. vc viu?
rory: eu vi. vc nao vai virar pra lá? é que vc nem me conhece
victor: calculei o tempo errado
rory: vc tava pensando, né? te interrompi... que coisa. vou esperar outra hora... fiquei timida
rory sai. ana senta
ana: opa! tá ai ha muito tempo?
victor: porra
ana: saí pra comprar um cigarro
victor: to há ponto de explodir.... acabou minha paciencia....
ana: vc é muito engraçado..... em uns tiques
victor: vc também deve ter... é só reparar
ana: ih, tá estressado. vc viu o menino?
ana e vistor riem
ana: hahaha não ri não, que o pessoal fica chateado.
elisa entra
elisa: nao acredito q vcs tão rindo
ana: que isso... a gente tá chorando. eu disse que eles ficam chateados...
ana sai
rory: nossa esse pao de queijo tá borrachudo... não sei o que aconteceu.
victor: posso ver? ah é o último
rory: pode comer
victor: é, tá ruim.
rory: um amigo meu comprou 10.
victor: que dorga
rory: vc viu o menino que se empanturrou de pão de queijo?
victor: horrivel, né? mas acontece. qual sua religião?
rory: religião?
victor: é, vc tem religião?
rory: não
victor: opa. bom dia, hem.
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rory brinca com os dedinhos no banco
ana: a senhora é incapacitada?
rory: não, por que?
ana: todo tem que deixar as barcas agora.
rory: ah, desculpa...
rory guarda os dedinhos no bolso e sai.
rory volta, faz carinho no umbigo. acha que ele é uma gracinha. tenta beijá-lo. tenta alcançá-lo com a língua. faz carinho. faz cosquinha nele com os dedos. ana volta
ana: então............ a senhora É incapacitada?
rory: desculpa, moça!
ana: é, né? não precisa ficar com vergonha.... eu vou te ajudar... esse é meu trabalho aqui!
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victor entra, descreve o espaço. as meninas entram em ações individuais. em determinado momento ele deve descrever a figura de cada uma.
Victor: um retangulo, num sinteco gasto. um quadrado na metade deste sinteco com duas sobrinhas na arsta da frente. as outras duas terminam em parede. um ropadé que dará numa cortina. em cima de uma prateleira, vários canos enrolados. uma cortina de persiana em três núcelos brancos. um porta insenso vermelho oval. uma lua azul. uma pontinha que já queimou. me sento em uma cadeira branca de prástico.
ana começa a limpar o espaço
victor: já tem menos espaço. chegou um veja, um cadenro azul de folhas pautadas. chegaram dois peziznhos de bailarina gordinhos e dançantes. chegaram outro dois pês, não de bailarina, maiores e mais fortes. chegou uma calça. ela está vestida com uma calça roza, sua camisa branca estampa um bichinho não identificado. ela é bem branca, tem sardinhas, mas não chega a ser albina. é peuqena como sua boca, cabelo, olhos, nariz. a outra, não é toda grande. nádegas, pernas, escápulas, braços, costas, seios. mas a cabeça é pequena, olhos médios, nariz médio. a boca é grande
ana começa a limpar os bancos
victor: sinteco, fica, bancos, veja multiuso maçã verde, cheirinho de limpeza, mais poder de limpeza e sabor de mação verde. duas mulheres
ana faz barulho, vira o banco
victor: tem alguma coisa grande na pequena? a mente... a mente deve ser grande. vira a página.
ana começa a limpar a cadeira de victor
victor: a mulher grande limpa meu assento. que prazer. sinto cheiro de maçã verde. talvez seja interessante que eu mude de assento para continuar o trabalho dela, mas só saio daqui se ela me tirar... ai. to achando que ela vai começar a me limbpar. sinto medo.... acho que vou mudar de assento. ela veste uma camiseta com temas indianos, seus roxos na perna não cicatrizam, transforma calça em short/. sua cara revela que não está confortável no lugar que ocupa, usa um colar da técnica macramê. ela tosse. a pequenininha quase se anula. sua presença não faz questão de estar presente. ela muda de posição e ese é o único indício da sua presença. sse ela não mudasse, talvez eu achasse que fosse sinteco. o recipiente de veja está aberto, o que indica mação verde.
ana grita
victor: ela grita. com certeza não gosta desse trabalho
ana: eu adoro este trabalho
victor: a mulher se manifesta com ímpeto, mas não me parece muito eficaz essa limpeza. não me parece limpo. mas, vou desabafar com vocês.... eu sinto desde pequeno, percebi várias vezes. sempre que vinha alguém limpar lá em casa, eu gostava de olahr. as empregadas. cozinhar, não. mas limpeza. muito prazer. a pequena olha, depois de tanto tempo recolhida. será que vai dividir alguma coisa com a gente? o dedo esquerdo bate no andamento 12 12 12 12. indício de ansiedade ou chamar o foco para si? conseguiu. a mulher grande limpa a janela. veja maça verde limpa qualquer tipo de material. interessante.
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ines dorme. victor observa. rory abraça a mulher. analu pega sol na varanda. rory tenta escutar o cabelo de analu.
homem rouba a bolsa de ines e sai
ines: um homem robou minha bolsa!! soccorro!
rory. ninguem roubou sua bolsa! essa bolsa era do homem. eu vi ele empacotando
ines: tava aqui do meu lado. era minha.
rory: aquela era dele
ines: por que eu não posso ter uma bolsa?
victor entra correndo
Victor: ines! achei sua bolsa
ines: ai que susto! saiu um homem daqui agora. achei que ele tinha roubado minha bolsa
victor: achei no banheiro. tinah alguma coisa dentro?
ines: como assim? claro que tinha. sempre tem coisa dentro da bolsa
victor: to perguntando se dentro da sua tinha.
ines: claro que tinha... aah, agora eu não quero andar com uma bolsa vazia
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victor: engracada essa coisa de vc trabalhar em um lugar e deixar claro para todo mundo que não gosta de trabalhar aqui
ana: eu...
victor: EU gostaria de tratar bem as pessoas. EU gostaria de ter compatencia
ana: EU queria um incenso. vc tem?
victor: vc trabalha aqui.... devia me dizer que eu não posso entrar com coisas que pegam fogo
rory entra
rory: uma senhora vomitou o banheiro inteiro pq ficou enjoada com esse cheiro de maçã verde
victor: estou reclamando da conduta dessa funcionaria ha tempos. ligo para o SAC e falo dessa funcionaria. a gente paga caro......
vc é digna de pena
ana: vcs deviam pegar esses 4,50 e enfiar no cu
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victor: eu ficaria com vc todo o resto da viagem. mas tem uma moça que trabalha aqui, parece um ritual. é tão lindo. com a flanelinha. eu não vou ser indiscreto, só quero fazer uma pergunta pra ela. vc fica aqui? não sai daqui não.
victor se esconde atrás das cadeiras
ana: eu queria te...
ines toma um susto
inês: AAAAAHHHH
ana: não tá tudo bem, né?
victor: era dela que eu tava falando.
victor cheira a cadeira.
victor: ela não tá bem
ana: eu sei. (para inês) você se veste muito bem.
victor dá um tapa na bolsa. assusta ines. ela fica incomodada com o barulho. victor não para de mexer na bolsa.
victor: não dá pra deistinguir o mimo e a doença
ana: são só 20 minutos
ines: tem como sair?
ana: quando chegar só. não tem varanda. mas vc pode imaginar uma paisagem
victor abana ines com a sacola
ines: para, tá frio
ana: quer ouvir uma música? quando eu fico mal, gosto de ouvir uma música
victor: deixa em paz meu coração, que ele é um pote até aqui de mágoa
ana: essa não é muito animada
victor dá um beijinho em ines.
inês grita e tenta suficar ana.
victor: PAROU O SHOW
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ana: vc não pode sentar aí. deitar
victor: quem fez isso?
ana: isso o que?
victor: quem fez isso, deitar aqui no seu lugar.
ana: só uma meninha
victor: albina
ana: era uma menina linda. bem ruiva.
victor: laranja
ana: ela dançava. eu lembro dela subindo a escada aquele dia
victor: ela subiu a escada. tava bem nervosa depois de dançar. um cara veio ajudar ela. disse que se ela se jogasse ele também se jogava
ana: ela quebrou o vidro com a cabeça. o cara segurou ela pelo pé.
victor: igual aquela carta
os dois: o enforcado
victor: demorou pra sair no noticiario. mas viram uma mancha vermelha na baia e nao era sangue. fiquei pensando que como ela era ruiva...
ana: era o cabelo. faz todo o sentido. ela ficou pendurada na janela e o cabelo afundado na água. agora ela nem é mais ruiva
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ines: dissilua a propria vida
rory: achei a bolsa original
ines: oi
rory: a bolsa que foi roubada
ines: da menina que estava aqui, né?
rory: ah, achei que era você...
voce vomitou outro dia?
ines: não, foi a pequenininha
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rory: fala pra ela pegar o onibus 234
ines grita: falou pra vc pegar o 434
rory: diz pra ela não esquecer de levar o brigadeiro
ines: levar o brigadeiro
rory: esquecer de levar
ines: esquece de levar!
rory: não!! é pra NÃO esquecer!
ines: não esquecer de lev... ih foi embora!
rory: droga. vou ter que voltar
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ana: tem mesmo alguem ai?
ines: desulpa. eu to saindo
ines canta em gromelô. finge que está vomitando enquanto arruma o cabelo. balança. faz barulhos alonga a língua. ana escuta pela porta. olha pela fresta por baixo da porta. inês abre a porta.
ines: oi?
ana: oi. meu brinco caiu acabei de achar.
ines: vc é a faxineira?
ana: aham
se cumprimentam
ines: pode entrar
ana dança leões ao léo dentro do banheiro.
ines: moça. desculpa. eu precisava ir ao banheiro. esqueci...
ana: só um minutinho. já to saindo
ines: o banheiro lá de cima continua com aquele problema, né? de ventilação
ana: pronto
ines: desculpa. não vai dar pra fazer aqui
ana: vc pode fechar a porta
ines: não, eu preciso que vc limpe.
ana: ah. entendi
ana entra e tem um surto
ines: moça. vc esqueceu a porta aberta. e agora tá mais sujo
ana: é a minha técnica
ines: mas eu preciso que seja rápido.
ana: meu tempo
ines: vc não precisa ficar desse jeito. parece uma louca dançando
ana: e você que fala com o espelho? e fica cantando? eu ouvi. não tinha perdido brinco, não!
ines: vc fica espiando. eu vou reclamar de você
ana: vai, reclama. eu digo pro homem que anda com vc que vc fala sozinha.
ines: ele não anda comigo
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ana acende um incenso
victor: vem ai mais um episodio do show de imprudencias. ela nao limpa e tenta botar fogo na barca.
ana: esses objetos são meus
victor: vc está me colocando em perigo. eu vou chamar o segurança
ana: é ótimo. jasmim
victor: a ines adora.
victor acende e cheira.
victor apaga e grita no ouvido de ana
victor: MALUCA! vc é maluca
simultaneamente:
victor: uma senhora pisa num imenso chiclete. tadinha dela. tadinha da senhorinha. ela não consegue sair. pisou num imenso chiclete. o sapatinho preso. tadinha dela, gente. ninguém ajudou a senhora, que coitada. ninguém ajudou. minha avó ficou presa no ciclete e ninguém ajudou. ficou presa e ninguém fez nada. ninguém trabalha não? ninguém podia ajudar a minha avó?
ana: um casal jovem. muito bonitinho. ela puxou assunto com ele e o mar tava no fundo.
moça a senhora não pode ficar aí. desculpa. não pode, não pode
eu achei bonitinho
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