fragmentos do trabalho de João Castilho

sexta-feira, 19 de julho de 2013

Samurai

Quanto querer cabe dentro do fracasso? Gosto do fracasso do desamor choroso que desmancha lânguido no travesseiro do Homem que é só. Todos sabiam que não seria rápido transitar do controle, da opção pelo controle, da ilusão de controle até a exaustão transparente que tudo revela, tudo observa. Dizem que há uma arte de não interpretar como poesia corpórea do ator, o que finge que finge. Cair aos pés do vencedor, lançar água doce feito golpe nas suas fronteiras. Sussurrar o fracasso com gosto de maresia. É daí que surge a brisa. Ela invade. Não há brisa sem maresia. Não há fracasso que não se sinta atraído pelo balanço sonso do mar... Esse sim: onipresente, onipotente e tão ausente no querer. Mentira. Pára de mentir. Força forjada. Dizem que o amor atrai Samurais, vestidos de Baleia, na estação das Barcas, coreografados para o fracasso. Se não mata, feri. Apatia, desespero, vulnerabilidade, memória viva, corpo morto. A morte é a maior e mais evidente condição de estar vivo. É preciso estar vivo pra receber o fracasso, de braços abertos, divisas encharcadas, pernas esvoaçantes e pálpebras ácidas. A essa altura não dá pra negar a curva da existência. Guerreio desenhando um escudo atrás de mim mesmo, como quem nega o abismo hesitante. Esclarecedor. Convincente. Circunstancial. Tudo segue uma ordem? E nós?

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