acende um cigarro
Gente. Eu não to entendendo mais nada! Tem um homem e ele fica por aqui dando ordens e tentando fingir que coincidência é escolha. Por mais que eu seja distraída eu fico buscando distrações e eu tenho uma lista pra cumprir. Mas vocês… vocês não. O que eles querem é que a gente exploda de tanto comer pão de queijo, não dá pra perceber? Mas de quem eu tenho mais pena mesmo é da pequenininha....tadinha. Fica todo mundo se esbarrando e pedindo desculpa e esbarra de novo e pede desculpa.
Eu queria aprender a não pedir desculpas mas essa coisa premeditada da alegria é muito decadente... Ihh...A gente nem se conhece. Desculpa. Ai, que exposição desnecessária.... A gente nem se conhece... Eu nem fumo na verdade...
come uma maçã enquanto fala. aos poucos vai ficando em pé em cima dos bancos
Eu tenho uma coisa pra falar. Ei! Eu preciso dizer uma coisa que eu comecei a pensar nos últimos minutos. Tem um homem aqui, o francês, ele é muito espaçoso e usa uns sapatos enormes. A mulher dele, coitada, é obrigada a lavar todos os dias as barcas ouvindo um monte de desaforo e ela consegue ser mais irritante quando esta bem-humorada. O nome dela é Inês porque perdeu toda a cor no mar. Ela era ruiva e deixa tudo , até a morte , com cheiro de maça verde. Enquanto isso você fica aqui, pegando sol, dançando. Hoje nem é seu aniversario! Seu nome nem é Homem. Eu to cansada de todo mundo me tratar como uma criança anã albina e to de saco cheio, de SACO CHEIO, de todo mundo fingir que nada aconteceu. Você nem trabalha aqui, eu perguntei pro moço. Pessoas não ficam por aí borboletando, como se voar e cair fosse a mesma coisa! Aquela bolsa tava aqui desde que eu cheguei. Não vem fingir que é normal, porque a gente mal se conhece e parece sempre que a gente nunca se viu ou que já somos íntimos. E para de me chamar de pequenininha e CHEGA de tradição. O homem corteja a menina. Barca tradicional. Tradicionalmente é falta de educação assobiar quando o outro tá falando. A probabilidade de soltarem a gente na índia e a gente nunca mais procurar a cara um do outro é maior que a probabilidade de isso tudo afundar agora. Será que vocês não percebem que depois que passa, fica tudo sozinho de novo? Ninguém tem controle. Vocês ficam se espiando no banheiro, inventando nome, tentando beijar os outros, mas o dinheiro que eu comprei a porra do pão de queijo era real. Vocês tão no meio do meu caminho e eu não esbarrei em nenhum menino albino em todo esse tempo. E talvez eu até pinte o meu cabelo para fingir que eu não sou ruiva. Se eu vou dar um tiro na sua cara ou não, quem vai saber? Vocês não me conhecem!
Eu estava chorando porque era mais fácil do que rir, mas não que divesse diferença. Era só agua da baia com derramamento de óleo. Eu estava parada, de olhos fechados, tentando me equilibrar e ouvi uma baleia passando. Nem tão fria que parecesse cínica, nem tao perto para ficar cega. Eu fiquei ali, esperando que a baleia me engolisse, no auge da sua crueldade, ela foi embora e me deixou vivendo. Eu só lembro do barulho do meu estomago. Ninguém vai embora, não?
FODA cla!
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