coexistencia. encontros. perdemos o sentido cronologico. começamos nos encontros e a interação vai ganhando intimidade. a progressão é vaga. a intimidade é abrupta. do esbarrão em virtude do acaso para o íntimo não é linear. o tempo não é linear ou cíclico. é oscilante.
tudo é banal. não há importância. o sentido não é a questão. não é fluido. nada acontece, como em beckett, mas tudo está presente. são vários momentos. a construção não é a da importancia e a da verdade. é a construção do qualquer coisa.
a barca não tem o fluxo da cidade. é uma dilatação da realidade. você é obrigado a esperar.
as relações do não lugar e do não tempo não precisam ser esclarecidas.
os objetos são aleatórios e a expectativa neles são escolhas. a usualidadecasualidade do objeto muda a cada olhar sobre ele.
surge a poténcia da poesía, do lírico. o verso é abrupto. em seu surgimento esfumaça. o corpo é uma potência como a palavra.
o desequilíbrio é da barca ou pessoal?
a relação estava no espaço ou no pessoal? que interessa? explorar o espaço? é dinâmico. Mas a barca é dinâmica? Falta sutileza. E a sutileza se dá no espaço. Eles ganham intimidade entre si, quando começarem a ganhar intimidade com a barca. Não conseguimos compartilhar da intimidade. Eles já são outras pessoas. Fico confusa sobre a personalidade. o banco é específico e o andaime é concreto, mas sua função é abstrata. o andaime vem contra o espaço da barca.
a experiência real da barca é esgarçada. a barca é a espera da barca. é o ponto de ônibus. São os aeroportos e aviões. são os ires e voltares sem nunca sentir que se sai do lugar. diariamente, até o início.
a medida em que as relações forem acontecendo e ancorando, o espaço vai se firmando - sem deixar de ser fluido - e a barca fica mais palpável
nas relações superficiais, a gente não observa muito o espaço.
a barca seria um outro personagem? ganhamos intimidade com o espaço que passamos todos os dias? será que damos carinho às coisas que não nos dão nada em troca?
A barca com o avião é um espaço que não tem nome. a fronteira é um entre. o lugar é vazio. indefinido. Se sai e se chega. o meio é invenção.
O victor começa narrando. afoito. como se quisesse dar conta do acaso. suas camadas são a da narração - falha - e a materialidade, de apropriação - falha . O victor é uma falha. Não é possível dar conta.
Vamos fazer mais um momento de narração do Victor?
medo do silêncio.
medo do vazio
a gente se mexe pra não ser engolido pelo tempo.
primeiro eles deveriam ser distantes e ariscos, para a intimidade
na imaginação do autor a personagem teriam uma essência que vista de fora seria uma caricatura. . o teatro é um equivoco. uma traição. se um homem não se revela ao autor, porque um personagem se revelaria para seu interprete?
- tá tudo bem?
- o excesso de desdito protege a distancia
- você acha que tá longe?
- tá quase acabando
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rory: você quer conversar?
ines: não
rory: quer sentar do meu lado?
ines: a gente nem se conhece
rory: mas.. eu…
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ines: me fala uma coisa bonita?
victor: ah, essa de novo não. to ocupado escrevendo um romance
ines: hmmm
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ana: não sei por que compra o pão de queijo se vai fica tudo aqui.. (joga dentro da bolsa azul.)
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