ines: então o homo habilis criou a roda em que o hamster fica girando. girando. girando. girando... o ratinho falha com os prazos. demora demais para escolher um meio. erra a soma. reprova a sétima série... escolhas demais. muitas opções. não vai alguns aniversarios por preguiça. fuge do exame de próstata. não se comove mais com o discurso de dor de ninguém. desculpa, hem... roi a gaiola e observa a rua. um homem tem um orgasmo, uma mulher espera. um ritual de encarnação. o contorno das unhas sangram. Ninguém em pé na calçada. os relógios foram trocados pela ansiedade das pernas. tec tec tec tec tec tec. um morto-vivo cai. caí dentro do meu próprio umbigo e me arrependi de nunca ter lavado bem. uma gargalhada e o metrô vai embora. um elevador grita. mãos suadas puxam a corda. a máquina não pode parar se não a cidade implode. a babá deixa o próprio filho e atravessa a baía pra cantar para o filho de outra. qual dos motivos eu escolho para ficar no meio do caminho? a pele é só superfície. seria injusto a essa altura não dizer que eu nunca fiz uma carta. que depois de um certo cansaço, você não tem mais nada para dizer. e não tem nada a ver com sorvete, borboleta, relógio, fado. querer dormir quando se tem uma insônia é muito mais parecido que qualquer outra metafora. é só dormir. sem verso, sem razão, sem preparo. cicuta e mel em 2 goladas e meia. pensar em 3 razões para não cuspir naquele cobertor compulsivo em cima de você. repulsão ao próprio corpo. autoflagelação. culpa cristã. vontade de trepar com o capeta. 3 pedras de carbureto. gora, ratinho, gira. às vezes a gente cansa! de ter a pálpebra transparente e a pele ácida. uma hora todo mundo vai embora. é diferente pra nós e pra eles, o tempo. e ai ter que fingir fingir. mas a gente falha. e a gaiola fechada é aberta demais para ser inundada pelo gás. mas vc acha que morreu. e dorme. sem carta. aí vc acorda. e tudo bem. porque você conseguiu dormir e o tempo continua passando esquisito. mas tudo bem. você consegue dormir. tudo bem. tudo bem. tudo bem.
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