fragmentos do trabalho de João Castilho

domingo, 2 de junho de 2013

acontecimento barca em 360º

Foi logo num 25 de dezembro. Do ano passado. Meu pai, médico, não conseguiu trocar o dia de plantão e teve que trabalhar no natal, em Niterói. Fomos eu, minha mãe, meu irmão e minha vó almoçar com ele em Niterói mesmo e voltamos pro Rio de Janeiro de barca.
            Minha vó é do interior de São Paulo, nem sabia que a barca existia. Minha mãe mora em Petrópolis, nunca tinha andado de barca. Meu irmão, apesar de morar no Rio já ha uns meses, também não. Guiei eles para a entrada e a barca saiu.
            Já não lembro muito bem, mas em algum momento percebemos que a barca estava dando meia volta. Pensamos que havia acontecido alguma coisa no caminho, ficamos chateados de ter que voltar para Niterói e arranjar um outro jeito de sair de lá. Aí quando estávamos virados de volta para Niterói, a barca não seguiu reto. Continuou virando, nos deixando finalmente de frente para o Rio de Janeiro de novo. Aí ela não seguiu reto, continuou virando.
            Foram quatro horas rodando em volta de nós mesmos em plena Baía de Guanabara. Todos foram informados de que a barca tinha algum problema, mas que tava tudo bem. Claro que isso não evitou que muita gente entrasse em pânico. Em alguns segundos metade da barca, inclusive minha mãe e minha vó, já tinha garantido seu colete salva-vidas.
            E uma senhorinha, tadinha, que eu tava tentando acalmar com meus conhecimentos até relevantes do funcionamento de um barco, pediu pra, se alguma coisa acontecesse, eu salvar o filho dela e deixar ela pra lá. O filho aparentava ser uns 10 anos mais velho que eu, com seus 20 cm a mais de altura.

            Eventualmente outra barca emparelhou com a nossa, amarraram as duas e finalmente atracamos no Rio de Janeiro. Minha mãe, minha vó e o resto de meia barca tiraram os coletes, seguimos nossos caminhos pra casa. Como já tava tarde, pegamos um taxi. E ainda tivemos que ouvir nossa própria notícia no rádio. Rindo muito, é claro.

Por Maíra Barillo

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