fragmentos do trabalho de João Castilho

quinta-feira, 13 de junho de 2013

desabafo

RORY:


Gente. Eu não to entendendo mais nada! Tem um homem e ele fica por aqui dando ordens e tentando fingir que coincidência é escolha. Por mais que eu seja distraída eu fico buscando distrações e eu tenho uma lista pra cumprir. Mas vocês… vocês não. Você fica aqui, pegando sol, dançando. O que eles querem é que a gente exploda de tanto comer pão de queijo, não dá pra perceber? Fica todo mundo se esbarrando e pedindo desculpa e esbarra de novo e pede desculpa. Hoje nem é seu aniversario! Seu nome nem é Homem. Eu to cansada de todo mundo me tratar como uma criança anã albina e to de saco cheio, de SACO CHEIO, de todo mundo fingir que nada aconteceu. Você nem trabalha aqui, eu perguntei pro moço. Pessoas não ficam por aí borboletando, como se voar e cair fosse a mesma coisa! Aquela bolsa tava aqui desde que eu cheguei e não é de ninguém. Não vem fingir que é normal, porque a gente mal se conhece e parece sempre que a gente nunca se viu ou que já somos íntimos. E para de me chamar de pequenininha, porque pequena é a a sua capacidade de analisar as coisas. É tudo uma tradição. O homem corteja a menina. Barca tradicional. Tradicionalmente é falta de educação assobiar quando o outro tá falando. Você acha que na lápide se escreve o nome ou quem foi? Quem é Inês? A probabilidade de soltarem a gente na índia e a gente nunca mais procurar a cara um do outro é maior que a probabilidade de isso tudo afundar agora. Será que vocês não percebem que depois que passa, fica tudo sozinho de novo? Para de fingir que existe controle. Nenhum de vocês sabe se eu vou entrar aqui ou não. Vocês ficam se espiando no banheiro, inventando nome, tentando beijar os outros, mas o dinheiro que eu comprei a porra do pão de queijo era real. Eu não sei de vocês. Eu sei de mim. E vocês tão no meu caminho. Eu não esbarrei em nenhum menino albino em todo esse tempo. E talvez eu até pinte o meu cabelo para fingir que eu não sou ruiva. Se eu vou dar um tiro na tua cara ou não, quem vai saber! Vocês não me conhecem! Vocês tão fazendo como se fosse desconfortâvel, mas ninguém quer ir embora! Inês? Cadê Inês? INES!


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Elisa, sinto falta das sutilezas e das coisas que você trouxe na composição. Texto, vontade, angústia... adoraria que vc terminasse de escrever comigo!

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