fragmentos do trabalho de João Castilho

domingo, 31 de março de 2013

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Olhando friamente as coisas, conseguimos, com facilidade ser reduzidos a números. Num planeta com 6 bilhões 973 milhões 738 mil 433, cerca de 22 milhões tem 60% de seus alimentos ameaçados por uma nuvem de gafanhotos na ilha de Madagascar. Cerca de 100 mil pessoas que se perderam numa ilha mandaram uma mensagem de socorro dentro de uma garrafa.  700 milhões já se imaginaram nessa situação. Textos padrões tem espaçamento um e meio em computadores que se reduzem a códigos binários. 815 mil pessoas cometeram suicídio no ano 2000, o que perfaz 14,5 mortes por 100 mil habitantes ou uma morte a cada 40 segundos. Os que se mantém vivos falam cerca de 2.250 palavras por dia. Todas elas engolidas pelo ar. Deglutimos o ar em inspirações cerca de 85 mil vezes por dia. Cerca de 80 por cento das crianças prometem a si próprias que jamais serão iguais aos seus pais. Cada trago de cigarro mata cerca de 100 alvéolos. Estou vivo há 22 anos , 22 dias , 11 horas e 55 minutos. ou 695 milhões 733 mil e 900 segundos. Não passo de zero e um.


terça-feira, 26 de março de 2013

Eu me aperto quando ela não desperta

- Inêêêês!!!!!!!!!!!! Inêêêêêêês!!!!!!!! Ô InÊÊÊs!!!!! Cade você, Inês??? Temos que sair agora!!!!!!!!!

(Eu, o retrato da angústia, mergulho nos degraus a sua procura. Você, o sinônimo da distância, nem sequer me manda uma transmissão de pensamento, quero dizer, de sentimento. Eu e você. Dois portos diferentes, sem comunicação)


segunda-feira, 25 de março de 2013

É o que ficou.

"O esbarrão é uma desculpa pra se aproximar da superfície do outro."
                                                                                                        Analuz

domingo, 24 de março de 2013


Os sonhos não envelhecem?

Sonhei.
Com Inês.
Ela estava na barca, já era mãe, e tomava a matéria do filho de aproximadamente 5 anos de idade para a prova de português. Estava tudo na ponta da língua. Ela orgulhava-se dele, ele se sentia seguro.
Sonhei.
Com Ana.
Ela tinha virado cantora, das boas, e foi ecoar sua voz pelas bandas do lado de lá de lá. Fazia shows em troca de prato de peixe. Cantava na barca de lá. Lá tudo pode, é permitido.
Sonhei.
Com Rory.
Ela ''aprendeu a ler olhando o mundo a volta'', e  passou a traduzir a realidade para cegos de todas as cegueiras. Estava rica, e não era dinheiro.
Sonhei, que sonhei com elas.
Ela;
Ela;
Ela;
Elas são.

Um giro na quase-queda

     De repente é exatamente a exatidão das coisas que geram o desequilíbrio. É essa tentativa  ridícula da recomposição no espaço concreto que faz a barca andar. A solidão de passos desorientados é o seu combustível. 40 delas procuram seus eixos, quatro disputam um mesmo lugar, duas pensam na probabilidade de se esbarrarem novamente e apenas uma conversa com a morte dentro do próprio umbigo.
       1,2,3... Todos. Todos contam como foram engolidos pelo entre e gaguejam pela própria incapacidade de se fazer desentender. A saída não é mais almejada. A solidão sim, porque ela faz barulho. O barulho torna-se companhia. É absurda a capacidade do universo em  tornar tudo cíclico. O processo de espiral prevalece entre nós, entre 40 delas que riem da instabilidade para disfarçar a dor da quase-queda. É compreensível a decisão do tombo. Para manter o equilíbrio é preciso suportar o instável. A queda torna-se alívio e a chegada veste-se de fim. O ciclo sempre continuará trazendo o vazio de um roda-roda sem crianças, girado  pela força do vento. É apenas o barulho gerado pela ferrugem  o responsável pela prova de sua existência.

sábado, 23 de março de 2013

Um emaranhado quântico de causa e efeito

Sequência de Fibonacci, é uma sequência matemática descoberta no século XII por Fibonacci.

Fibonacci foi um matemático italiano, tido como o primeiro grande matemático europeu do Idade Média.

A sequência de Fibonacci é uma sequência de números naturais, na qual os primeiros dois termos são 0 e 1, e cada termo subsequente corresponde à soma dos dois precedentes.

0, 1, 1, 2, 3, 5, 8, 13, 21, 34, 55, 89, 144, …

Os padrões encontrados na natureza, várias vezes. A curva de uma onda, a espiral de uma concha. O universo é feito de relações e padrões precisos. Todos à nossa volta, mas não enxergamos. Um emaranhado quântico de causa e efeito, onde tudo e todos refletem sobre os outros. Cada ação, cada suspiro, cada pensamento, conectados.





numerologia


Na Antigüidade, as letras recebiam um valor numérico correspondente, daí o significado existente e decifrado em cada nome.
  
A Numerologia foi desenvolvida pelo matemático grego Pitágoras que relacionava cada número a um princípio universal, assim podendo proporcionar uma melhor compreensão do comportamento humano e do auto-conhecimento.
  
Descobrindo o significado do seu número pessoal (formado pela soma dos números equivalentes as letras que formam o seu nome), torna-se mais fácil realçar seus aspectos positivos e trabalhar para corrigir e/ou amenizar os aspectos negativos da sua personalidade.
  
numerologia é o estudo do significado dos números e da influência deles no caráter e no destino das pessoas.

interconectividades






Experiência Aleatória:
Processo ou conjunto de circunstâncias, sujeito `a influência de factores casuais, capaz de
produzir resultados observáveis - ainda que incertos.


Teoria das probabilidades é o estudo matemático das probabilidadesPierre Simon Laplace é considerado o fundador da teoria das probabilidades.
Os teoremas de base das probabilidades podem ser demonstrados a partir dos axiomas das probabilidades e da teoria de conjuntos.
Os teoremas seguintes supõem que o universo Ω é um conjunto finito, o que nem sempre é o caso, como por exemplo no caso do estudo de uma variável aleatória que segue uma distribuição normal.
  1. A soma das probabilidades de todos os eventos elementares é igual a 1.
  2. Para todos os eventos arbitrários A1 e A2, a probabilidade de os eventos se realizarem simultaneamente é dada pela soma das probabilidades de todos os eventos elementares incluídos tanto em A1 como em A2. Se a intersecção é vazia, então a probabilidade é igual a zero.
  3. Para todos os eventos arbitrários A1 e A2, a probabilidade de que um ou outro evento se realize é dada pela soma das probabilidades de todos os eventos elementares incluídos em A1 ou A2.
As fórmulas seguintes exprimem matematicamente as propriedades acima:
 \sum_{\omega\in\Omega} P\left(\left\{\omega\right\}\right) = P\left(\bigcup_{\omega\in\Omega}\left\{\omega\right\}\right)= 1
P\left[A_1 \cap A_2 \right] = \sum_{\omega\in A_1\cap A_2}P\left(\left\{\omega\right\}\right)
P\left[A_1 \cup A_2 \right] = \sum_{\omega\in A_1\cup A_2}P\left(\left\{\omega\right\}\right)


Foi tudo predeterminado pela probabilidade matemática

para o Victor.

A proporção era sempre a mesma, 1 para 1.618 repetidamente. Padrões se escondem bem debaixo dos nossos olhos, só é precisa saber onde procurar. Coisas que a maioria das pessoas veem como caos, na verdade seguem sutis leis de comportamento. Galáxias, plantas, conchas marinhas, os padrões nunca mentem. Mas só alguns de nós conseguem ver como as peças se encaixam. 7 bilhões, 80 milhões e 360 mil de nós vivem neste pequeno planeta. Esta é a história de algumas dessas pessoas. Há um antigo mito chinês sobre o Fio Vermelho do Destino. Diz que os deuses prendem um fio vermelho no tornozelo de cada um de nós e o conectam a todas as pessoas, cujas vidas estamos destinados a tocar. Esse fio pode esticar ou emaranhar-se, mas nunca irá partir. Foi tudo predeterminado pela probabilidade matemática. E é meu trabalho ficar de olho nesses números. Fazer as conexões para aqueles que precisam se encontrar. Aqueles cujas vidas precisam se tocar. Eu nasci há 4.161 dias. Em 26 de outubro de 2000. 11 anos, 4 meses, 21 dias e 14 horas. E durante todo esse tempo... Eu nunca disse uma única palavra.

Hoje, enviaremos 300 bilhões de emails, 19 bilhões de mensagens de texto. Uma pessoa comum dirá 2.250 palavras para 7,4 bilhões de pessoas. E, ainda sim, nos sentiremos sós.

(Fragmento extraído do seriado "Touch")




domingo, 17 de março de 2013

Terror de Te Amar

 Terror de te amar num sítio tão frágil como o mundo

Mal de te amar neste lugar de imperfeição
Onde tudo nos quebra e emudece
Onde tudo nos mente e nos separa.

Que nenhuma estrela queime o teu perfil
Que nenhum deus se lembre do teu nome
Que nem o vento passe onde tu passas.

Para ti eu criarei um dia puro
Livre como o vento e repetido
Como o florir das ondas ordenadas. 




Sophia de Mello Breyner Andresen, Portugal

sábado, 16 de março de 2013

Para Rory

Queria poder te falar sem mexer a boca, sem dançarem os dedos, e sem esse mar de luz invadindo minhas pupilas. Se eu tivesse coragem de parar e olhar pra você, talvez não precisasse dizer nada. Mas não tenho. Então quero contar que tenho medo. Eu sinto medo porque tá todo mundo sabendo o que fazer, pra onde ir. Por isso eu tenho inveja da Inês. Ela não parou no meio do caminho. Não apodreceu na travessia. Queria te dizer também que eu só rio de medo do silêncio. Eu rio mesmo é pra dizer que tá tudo bem, pra mim mesma. Queria dizer também que eu só limpo esse lugar pra me esconder atrás das cadeiras. Que transbordo, sim, mas pra baixo, entende? Claro que não. Deixa pra lá. Queria mesmo era dizer que entendi o tal do Azul. Ele é só reflexo sabia? Reflexo da superfície de coisas muito muito grandes como quase nada é. Quando a gente olha o céu e depois olha o mar... Pensa ter visto, mas não vê. Porque eles estão muito, mas muito pra lá do que a gente consegue enxergar. Então, alguma coisa entre nós e essa imensidão do outro lado é refletido pela luz e nós vemos tudo azul. Entendeu? A gente não pode achar que azul já é a própria coisa. Quando a gente acha é que dá aquele gosto ruim na boca, aquele cheiro doce e a água no estomago! E Essa sua vontade de ser azul, então, é só sua vontade de crescer pra dentro!! E a minha vontade de vazar azul, era só pra criar espaço, pra não me afogar. Dentro dele habita o mundo inteiro. Dá vontade de fugir só de olhar.

Ah, queria te falar também pra você não parar mais pra pensar. Isso é coisa tola. Ontem eu vi a tristeza da estabilidade. E aqui dentro o sangue, o ar, os pensamentos.. Tá tudo girando.. E até o mundo, esse pedaço de azul que gira ha tantos e tantos anos... Não precisa chorar, mesmo que a gente queira a gente não consegue parar. E isso chega a ser bonito. No fim das contas, queria te falar pra não acreditar no Azul. Ele quer dizer pra gente que é tudo e que estamos perdidos, mas ele não é nem o começo.

pra ela saber


... E foi.
o peso, o calor
um pedaço
minha coluna sente a falta, se curva, tenta guardar o espaço que me lembra a antiga presença
então, a cabeça continua repousando pro lado esquerdo, angustia
sente que um pequeno pedaço de ar entre seu ombro e sua orelha guarda um afeto
faz de tudo pra não se mexer

seus joelhos não deixam, querem quebrar
um fracasso por segundo
Você não tem controle do seu próprio corpo

nada, então, seus pés não conseguem sentir o chão
não consegue sair daquele mar em volta
porque foi embora? porque me deixou esse pedaço de ar que pesa mas não faz calor?
Vertigem é querer cair. Eu quero cair, a cada segundo, meu corpo pede cair, cair cair.
Querer se entregar a esse pequeno abismo que a gente carrega embaixo dos pés.


"Eu poderia dizer que a vertigem é a embriaguez causada pela própria fraqueza. Temos consciência da nossa própria fraqueza e não queremos resistir a ela, mas nos abandonar a ela. Embriagamo-nos com nossa própria fraqueza, queremos ser mais fracos ainda, queremos desabar em plena rua à vista de todos, queremos estar no chão, ainda mais baixo que o chão" 


"Vertigem não é o medo de cair, é outra coisa. É a voz do vazio debaixo de nós, que nos atrai e nos envolve, é o desejo da queda do qual nos defendemos aterrorizados."


Milan Kundera - A insustentável leveza do ser


Conseguir parar. Perceber o movimento em volta. Decididos e cheios de controle.
Eu fico no caminho, não consigo me mover. Eles não percebem que eu preciso de ajuda.
Não quero que eles encostem em mim.

- Você não pode mudar de ideia!!!
Eles gritam no meu ouvido, me deixam surda e com ainda mais silêncio.
Os corpos se chocando. De propósito.
O esbarrão é uma desculpa pra se aproximar da superfície do outro.
- é que se você se entregar a superfície, acaba por ser inteira, entende? 

fragmento de um diálogo

quinta-feira, 14 de março de 2013

Inês não é morta


origem do ditado "inês é morta", a morte de uma mulher que, por seus encantos, teve uma imerecida ruína

Inês de Castro era amante de D. Pedro I, antes do mesmo ser rei de Portugal. Ela era filha bastarda de um cavaleiro galego, e tendo irmãos partidários da reanexação de Portugal pelo Reino de Espanha. 
Ao morrer a primeira esposa de D. Pedro, D. Afonso IV e seus vassalos passam a temer a influência da galega na vida política do futuro rei. Temendo pela independência de Portugal, D. Afonso IV manda matar Inês e seus três filhos com D. Pedro durante uma viagem do mesmo.
Ao retornar, D. Pedro encontra sua amada Inês morta.
Com a morte de D. Afonso IV, D. Pedro I assume o trono e coroa Inês, sua rainha. 
O cadáver de Inês em estado de composição é colocado no trono, e a realeza portuguesa é obrigada a beijar sua mão.



Inês é morta, ou seja... ferrou, lascou, já élvis, já era, sifu, agora é tarde, demorou, nada a fazer, fato consumado, irremediável, não adianta chorar no leite derramado.




http://www.youtube.com/watch?v=hxUM9lPECQA

BATENDO A PORTA
(João Nogueira e Paulo César Pinheiro)

"Como é que vai?
Saúde boa?
Não foi à toa que você mudou daqui
Pra melhorar
Mas pode entrar
A casa é sua
E não repare a casa humilde
Que você trocou por um solar
Pode sentar
Fique à vontade
Te deu saudade de um amor
Que infelizmente já não há
Pode falar
Pode sofrer
Pode chorar
Porque agora você não me ganha
Eu conheço essa manha
E não vou me curvar, mas
Pode tentar
Pode me olhar
Pode odiar
Pode até sair batendo a porta
Que a Inês já é morta do lado de cá."

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http://www.youtube.com/watch?feature=player_embedded&v=wv5xeMutClY#!

A INÊS É MORTA
(Gato Zarolho)

" o fim da picada

o fundo do poço

foi a gota d'água

até por aqui



já passou da hora

o balde esborrou

o boi se perdeu

o leite derramou



o anel se foi

o sangue talhou

só faltava essa

a inês é morta



já passou da hora..."


Situações no banheiro. Inês e Ana.


 SITUAÇÃO 1 (Início - apresentação Inês e Ana):

ana: tem mesmo alguem ai?
ines: desulpa. eu to saindo


ines canta em gromelô. finge que está vomitando enquanto arruma o cabelo. balança. faz barulhos alonga a língua. ana escuta pela porta. olha pela fresta por baixo da porta. inês abre a porta.

ines: oi?
ana : oi. meu brinco caiu acabei de achar.
ines: vc é a faxineira?
ana: aham

se cumprimentam


ines: pode entrar


SITUAÇÃO 2:

ana dança leões ao léo dentro do banheiro.


ines: moça. desculpa. eu precisava ir ao banheiro. esqueci...
ana: só um minutinho. já to saindo
ines: o banheiro lá de cima continua com aquele problema, né? de ventilação
ana: pronto
ines: desculpa. não vai dar pra fazer aqui
ana: vc pode fechar a porta
ines: não, eu preciso que vc limpe.
ana: ah. entendi


ana entra e tem um surto


ines: moça. vc esqueceu a porta aberta. e agora tá mais sujo
ana: é a minha técnica
ines: mas eu preciso que seja rápido.
ana: meu tempo
ines: vc não precisa ficar desse jeito. parece uma louca dançando
ana: e você que fala com o espelho? e fica cantando? eu ouvi. não tinha perdido brinco, não!
ines: vc fica espiando. eu vou reclamar de você
ana: vai, reclama. eu digo pro homem que anda com vc que vc fala sozinha.
ines: ele não anda comigo

Ele implicando com a postura de Ana


IMPLICÂNCIA 1:

Victor arrasta o banco e exibe Ana dormindo escondida. Ana logo se recompoe com a cara toda amassada, e um sorriso falso.

victor: engracada essa coisa de vc trabalhar em um lugar e deixar claro para todo mundo que não gosta de trabalhar aqui
ana: eu...
victor: EU gostaria de tratar bem as pessoas. EU gostaria de ter compatencia
ana: EU queria um incenso. vc tem? Tava procurando aqui atrás...
victor: vc trabalha aqui.... devia me dizer que eu não posso entrar com coisas que pegam fogo
rory entra


rory: uma senhora vomitou o banheiro inteiro pq ficou enjoada com esse cheiro de maçã verde
victor: estou reclamando da conduta dessa funcionaria ha tempos. ligo para o SAC e falo dessa funcionaria. a gente paga caro...... vc é digna de pena

ana:
vcs deviam pegar esses 4,50 e enfiar no cu




IMPLICÂNCIA 2:

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ana acende um incenso


victor: vem ai mais um episodio do show de imprudencias. ela nao limpa e tenta botar fogo na barca.
ana: esses objetos são meus
victor: vc está me colocando em perigo. eu vou chamar o segurança
ana: é ótimo. jasmim
victor: a ines adora. 


victor acende e cheira.
victor apaga e grita no ouvido de ana



victor: MALUCA! vc é maluca

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Bons diálogos para o INICIO


só existe espera.
ana espera na cadeira um pouco desconfortável. rory senta de pernas cruzadas no banco.
ana: posso te perguntar uma coisa? pq vc sentou de costas p mim?
rory: nao te conehço. calor, né?
posso te perguntar alguma coisa?
ana: vc nem me conhece... pode
rory: vc tá aqui ha muito tempo?
ana: o bastante... to indo tá


ana sai. victor senta


victor: lincença. vc acha que vai demorar muito?
rory: to aqui há bastante tempo.
victor: cheguei agora. vc viu?
rory: eu vi. vc nao vai virar pra lá? é que vc nem me conhece
victor: calculei o tempo errado
rory: vc tava pensando, né? te interrompi... que coisa. vou esperar outra hora... fiquei timida


rory sai. ana senta

ana: opa! tá ai ha muito tempo?
victor: porra
ana: saí pra comprar um cigarro
victor: to há ponto de explodir.... acabou minha paciencia....
ana: vc é muito engraçado..... tem uns tiques
victor: vc também deve ter... é só reparar
ana: ih, tá estressado. vc viu o menino? 

ana e vistor riem

ana: hahaha não ri não, que o pessoal fica chateado.

elisa entra

elisa: nao acredito q vcs tão rindo
ana: que isso... a gente tá chorando. eu disse que eles ficam chateados...

ana sai

rory: nossa esse pao de queijo tá borrachudo... não sei o que aconteceu.
victor: posso ver? ah é o último
rory: pode comer
victor: é, tá ruim.
rory: um amigo meu comprou 10.
victor: que dorga
rory: vc viu o menino que se empanturrou de pão de queijo?
victor: horrivel, né? mas acontece. qual sua religião?
rory: religião?
victor: é, vc tem religião?
rory: não
victor: opa. bom dia, hem.

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rory brinca com os dedinhos no banco

ana: a senhora é incapacitada?
rory: não, por que?
ana: todo tem que deixar as barcas agora.
rory: ah, desculpa... 

rory guarda os dedinhos no bolso e sai. 

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ines dorme. victor observa. rory abraça a mulher. analu pega sol na varanda. rory tenta escutar o cabelo de analu.
homem rouba a bolsa de ines e sai


ines: um homem robou minha bolsa!! soccorro!
rory. ninguem roubou sua bolsa! essa bolsa era do homem. eu vi ele empacotando
ines: tava aqui do meu lado. era minha.
rory: aquela era dele
ines: por que eu não posso ter uma bolsa?

victor entra correndo

Victor: ines! achei sua bolsa
ines: ai que susto! saiu um homem daqui agora. achei que ele tinha roubado minha bolsa
victor: achei no banheiro. tinah alguma coisa dentro?
ines: como assim? claro que tinha.  sempre tem coisa dentro da bolsa
victor: to perguntando se dentro da sua tinha.
ines: claro que tinha... aah, agora eu não quero andar com uma bolsa vazia

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Rory: To aqui pensando. De repente você é a pessoa que tem alguma coisa bonita pra me dizer.
Ele: Você deve estar me confundindo.
Rory: Não. Pode ser qualquer um. Não dá para acreditar 100% em horóscopos, né?
Ele: É, 100% não.
Rory: Então?
Ele: Que? você que me parou.
Rory: Mas você que tem alguma coisa para dizer.
Ele: E se eu eu não tiver?
Rory: E se eu disser que sou ninfomaníaca?
Ele. Não me importo. De verdade
Rory: E se eu disse que sou poeta?
Ele  Aí teremos um problema. Não gosto de poesia. Muito menos de metáfora.
Rory: Eu sei. Você passou e eu pensei: "Aquele homem não gosta de metáforas, se mesmo assim ele conseguir me dizer alguma coisa bonita, eu não preciso mais me matar"
Ele: E se eu não conseguir
Rory: Tudo bem, não precisa se cobrar tanto. É só um encontro não, é?
Ele: Não sei dizer.
Rory: Tchau
Ele: … tchau


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rory: achei a bolsa original
ines: oi
rory: a bolsa que foi roubada
ines: da menina que estava aqui, né?
rory: ah, achei que era você...
voce vomitou outro dia?
ines: não, foi a pequenininha

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RORY : Você tem um isqueiro?
ARQUITETO : Sim. (Procura) Não consigo achar.
RORY : Posso acender com o seu cigarro
ARQUITETO :  É um questão de honra. Acabei de usar
(Rory tira o cigarro da mão do Arquiteto e acede o dela)
RORY : Estamos fazendo uma coisa ilegal?
ARQUITETO : Não. Aqui pode.
RORY : Faz toda a diferença
ARQUITETO : (desiste de procurar) Toda.
RORY : Será que essa porta no teto abre?
ARQUITETO : Você só quer fazer uma coisa ilegal, né?
RORY : É. Melhor não ficar comigo.
(Rory tira uma foto da porta)
ARQUITETO : Vou ficar
RORY : Não abre.
ARQUITETO : Agora que tem a barca nova, todo mundo tira foto da antiga.... bom dia para ir à faculdade.
RORY : Você estuda o que?
ARQUITETO : Arquitetura e você?
RORY : Não estudo, não. Quer fazer design de interiores?
ARQUITETO : Não sei. Gosto de urbanismo
RORY : O que você acha daqueles prédios?
ARQUITETO : Grandes.
RORY : Bem observado. Posso tirar uma foto sua?
ARQUITETO : Ok.
RORY : (olhando a foto na tela) Ficou ruim. Não sou muito boa nisso.

ARQUITETO : Você tá só passeado?
RORY : Gosto daqui
ARQUITETO : Do que?
RORY : Do entre
ARQUITETO : Faz isso sempre?
RORY : Sempre nessa hora. Nunca te vi
ARQUITETO : Eu to atrasado
RORY : Que bom!
ARQUITETO : Prazer, Victor
RORY : Prazer, Rory (o arquiteto ri). Minah mãe tinha senso de humor.
ARQUITETO : Acho que chegou
RORY : Ok
ARQUITETO : Vai ficar?
RORY : Aham

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Inês - Opa, desculpa
Rory - De nada.
Inês - Machucou?
Rory - Médio. Eu gosto.
Inês - Entendi. Que pena. Eu tinha uma certa expectativa.
Rory - Não vem com esse papo pra cima de mim. (risos)
Inês - Não, é sério. Eu te vi e pensei: "ela é diferente".
Rory - De mim.
Inês - De mim.
Rory - Você é engraçada.
Inês - Eu sou bem sem graça na verdade
Rory - Pra mim você é engraçada.
Inês - Pra mim.
Rory - Pra mim.
Inês - Você mora aqui perto?
Ana - Tanto faz
Inês - Oi?
Rory - E você é?
Ana - Eu sou só isso aqui mesmo.
Rory (para A) - Acho que ela é Inês.
Inês - Ah, eu ouvi alguma coisa do tipo.
Rory (para A) - Você é daqui, então?
Ana - Defina daqui
Inês - Daqui é daqui. Daqui desse lugar. Daqui.
Ana - Gerada, concebida, nascida, crescida e envelhecida nesse metro quadrado daqui? Parece desesperador.
Rory (para Analu) - Eu acho que já te odeio.
Ana - Nossa
Inês - É, nossa!
Rory - Nossa o que?
Inês - Nossa o que o que? Só Nossa.
Rory -  Porque "nossa"? De onde vem isso? Nossa?
Ana - Nossa, de alguma coisa que pertence a nós. É como culpar toda a humanidade pelo erro de um.
Inês - Acho que é só Nossa. de Nossa Senhora.
Rory - Que senhora, gente? Que senhora é essa?
Ana - Inês! Será?
Inês - Ah, então você não é Inês?
Ana - Eu? Não.
Inês e Rory - Pena
Ana - É, que pena. Bom, desculpa...
Inês -  É, a gente tinha uma certa expectativa.
(acenam e saem, para lados opostos)

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(Analu conta os segundos de forma cronológica, apesar de se distrair às vezes. Victor esbarra na Fernandinha por baixo)
Inês - Ai! Como assim?!
(se olham)
Inês - Oi?! Tudo bem? Tudo bem? Tá?! (Dá um tapa na cara de Victor e sorri) Hein?!
(Victor deita no chão com as pernas suspensas e as mãos tapando o rosto: posição de cachorrinho. Analu para de contar por segundos)
Inês (para Analu) - Espera só um pouquinho? Aconteceu alguma coisa aqui com ele. Olha.
(Analu ri e continua contando. Fe faz cafuné na cabeça do Victor)
Inês (ronronando) - Ei! Psiu! Psiu!
(Victor dá um susto. Fe pula pra trás)
Inês - Ahh! Ará-rá-rá!
Analu (para Fernandinha) - Te pegou hein!
Victor (abraçando a fernandinha e rindo) - Tudo bem? Desculpa, a gente mal se conhece não é?!
Inês (esquiva) - Porque você chegou assim desse jeito por baixo?
Victor - Eu gosto de chegar assim inesperado (gira Fernandinha pro lado). Causa mais surpresa.
Inês - Ai.
(Victor vai em direção à Fernandinha)
Inês (se fazendo de vítima) Não...
(Analu e Victor gargalhando)
Victor- Você tá com medo?
Inês - É porquê tu chegou em mim...(confusa)
Victor - Ué, a gente mal se conhece.
(Fe e Victor num jogo de empurra e se aproxima)
Inês - Você vai... Você tá... Eu que tenho que. Eu que tinha que...
Victor: Qual seu nome?
Inês - Eu?
Analu- 22.
Inês - 22...
Victor- 22? (aponta para Fe)
Inês - Porque você tá apontando esse dedo pra mim assim? Porquê? O quê? (se aproxima da Analu) Olha pode me dar...
(Victor provoca Analu)
Inês (para Ana)- deculpa? A gente não se conhece...
Analu- Não.
Inês - Não.. Mas olha só, a gente está dividindo o mesmo espaço e ele (aponta para o Victor implicante) e essa pessoa chegou ali..
(Victor provoca Ana)
Ana (entre a contagem)- Ihh...
Inês - Viu? Vai sobrar pra ti.
(Ana encara Victor)
Victor (eufórico de diversão)- Ela tá te manipulando, você não tá percebendo?
(Ana imobiliza o Victor pelo cabelo)
Inês - Segura, segura...
Analu- Fala pra ela que você adora ela! Fala!
Victor- Eu adoro você!
Analu- ... Foi um prazer te encontrar na barca! Fala! Eu vim de barca nova!
Inês - Fala!
Victor- Eu vim de barca nova e foi um prazer te encontrar!
Inês - Agora ajoelha! Isso! fala! fala.
Victor- Foi um prazer te encontrar na barca nova.
(Analu volta a contar)
Inês - Que mais? hum? que mais?
Victor- Você fica ótima de listra. Você fica ótima de listra.
Inês (vaidosa)- Que mais?
Victor- Seus dentes são lindos. Seus dentes são lindos.
Inês (se aproxima do rosto do Victor e fala baixinho)- Fala!
Victor- Eu adoro seu sotaque. Eu adoro seu sotaque.
Analu (para a Fe)- Eu acho que já deu. O que você acha?
Inês - Não, não deu ainda.
Analu- Não?
(Fe balança a cabeça e o corpo do Victor em direção ao chão)
Inês - Olha só, o que você tem que falar, e tem que ter uma explicação muito boa, é porque que tu chegou assim por baixo, ali! E porque tu fechou o olhinho depois, e porque tu ficou naquela posição de cachorrinho, e depois me deu um abraço, e tu nem me conhece! (bica o Victor) Hein?!