Por favor não me entendam mal, é que eu conheço tanto vocês que me permiti falar algumas coisas que eu comecei a pensar nos últimos minutos. Eu não estou de acordo em começar desconstruindo e não era essa de fato a minha intenção, nem faz o meu gênero, vocês me conhecem, a gente se conhece. Tanto que até me dou esse direito, ou licença poética, levando em consideração o título do nosso projeto, se é que posso me referir a ele desse modo. Também não sei se posso chamar isso de começo, nem o tempo pensado de minutos, nem as pessoas que conheço de vocês, tudo muda tanto que me dá enjoo. É que às vezes as palavras nos obrigam a usá-las mesmo sem que de fato queiramos dizê-las e isso se aproxima um pouco de onde eu quero chegar ainda que mais distante do que antes não pelo campo linguístico talvez algo mais magnético não se preocupe não vou falar de metafísica, não mesmo. Até porque eu não sei mais falar sobre quase nada que eu quase sabia antes. É claro que coisas novas aparecem, mas elas não me interessam e às vezes até me enjoam. Saberia discursar sobre o dia-a-dia da Winits, por exemplo, se em algum momento for do interesse de vocês... É que antes eu desconfiava estar ficando burra, mas era uma sensação passageira, agora é uma certeza, é diferente. Tenho lido, isso é verdade, não mais por uma questão de condição e é o que me salva, passar o olho pelo papel sem perceber o que fica, tem sido sempre assim. Faço uma viagem de duas horas e meia por dia, não tenho um Iphone e ouvir música demais às vezes me causa um embrulho no estômago terrível! Ler é o suficiente, imagino, pelo menos tem sido. É isso, tudo está sendo, e eu continuo enjoada sem saber o que sou, nem o que procuro ser, mas agora com o agravante de ter que me definir pra entrevista da capricho. Mas é claro que existem os pontos positivos dessa história toda, sempre existem, minhas unhas cresceram, tenho uma dermatologista e uma assessora, uma assinatura na minha carteira, o meu aluguel no final do mês, pessoas que fingem uma admiração incondicional e por algum motivo isso tudo é mais importante do que todo o resto que inclui vocês. Eu não tenho mais tempo pra nenhum de vocês. Nenhum de vocês, meus amigos, sem dúvida os melhores cabe na minha vida. E pior! Tenho a sensação de que nunca vou terminar de fazer o que eu tenho pra fazer. Assim sem rodeios. Cheio de pontos finais. Sem esse "livre" fluxo de pensamento- é Lissovsky isso?-Assim: objetivo. Sintético. Funcional. Sem poesia alguma, exatamente como tem sido pra mim. E é esse o momento em que choro e penso que tenho que aprender a fazer isso conscientemente, lá é muito importante como pra nós é falar do vazio ou determinar funções e dividir dramaturgias... E mais uma vez não sei se posso usar esse pronome, cada vez existe menos esse ‘nós’ antes tão trivial, nós da Miúda, nós do teatro de véspera, nós do ucrânia 3, nós do usina teatro, nós de cavalos e baias e bares e salas de ensaio, até caco pra mim já foi nós. Por dentro ainda sou cheia de nós, eu garanto! Só não sei mais a que nós pertenço e tenho vontade de vomitar e acabar com esse nó.. na garganta. Por isso precisei cuspir essas palavras, mesmo tendo que correr com elas agora e ir pro lado dos que escolhi pra jogar no meu time, mesmo sabendo que eram todos pernas-de-pau se comparados aos artilheiros que eu tinha do meu lado... Perder é sempre uma escolha difícil. Peço apenas que me mantenham assim, na reserva, sem me deixar virar torcida por completo, o que me tiraria a possibilidade de estar em campo, mas me faria extremamente feliz e orgulhosa! É que já tenho que ser feliz e orgulhosa o dia todo pra tantas lentes e planos que me dá ânsia só de pensar. Não deixem de fazer o que tiverem pra fazer, mas me respondam durante algum cafezinho depois do ensaio, ok?
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