A memória desempenha um papel extremamente importante no processo artístico. Cada vez que se monta uma peça, está se dando corpo a uma memória. Os seres humanos são estimulados a contar histórias a partir da experiência de lembrar de um incidente ou de uma pessoa. O ato de expressar o que é lembrado constitui, de fato, segundo o filósofo Richard Rorty, um ato de redescrição. Ao redescrever alguma coisa, novas verdades são criadas. Rorty sugere que não existe realidade objetiva, não existe ideal platônico. Nós criamos verdades descrevendo, ou redescrevendo, nossas convicções e observações. Nossa tarefa e a tarefa de cada artista e cientista, é redescrever as hipóteses que herdamos e inventar ficções para criar novos paradigmas para o futuro.
"A verdade não pode estar lá fora - não pode existir independente da mente humana... O mundo está lá fora, mas as descrições do mundo podem ser verdadeiras ou falsas. O mundo em si - sem a ajuda das atividades descritivas dos seres humanos - não pode." Raymond Rorty
(Fragmento do livro "A preparação do diretor", Anne Bogart)
A palavra nesse projeto só existe enquanto ato de compartilhamento/ violência, com caráter auto-crítico do pensar no que diz. Dissimular pequenas verdades e convicções, para redescrever sucessivamente um espaço incorpóreo.
“O espaço deve poder ser o receptáculo de qualquer coisa, de tal modo que estejam as coisas dentro dele ou distantes dele, ele permaneça idêntico e acolha prontamente todas as coisas que se sucedem nele e seja ao mesmo tempo tão grande quanto o são as coisas que nele acham lugar. O espaço, portanto, é infinito e incorpóreo: a existência do vazio é um fato de experiência” Telésio
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