Quando jovem, o filósofo francês Jean-Paul Sartre trabalhou como marinheiro em navio mercante. Em uma noite fria e tempestuosa, o navio atracou no porto de Hamburgo, na Alemanha. Sartre desceu do navio e caminhou na chuva pelas ruas varridas pelo vento até o abrigo de um velho bar. Sentou-se e pediu uma bebida. Depois de algum tempo, uma linda mulher foi até sua mesa, apresentou-se e se sentou ao lado dele. Começaram a conversar. Por fim, depois de um bom tempo, ela pediu licença e foi ao banheiro. Enquanto a esperava, antecipando a sua volta, Sartre imaginou a noite que eles passariam juntos em um quarto de hotel, a sedução, o sexo e, enfim, a despedida na manhã seguinte. Imaginou as cartas que trocariam na expectativa de um reencontro. Visualizou a história que tinha pela frente. De repente, Sartre teve uma epifania. Deu-se conta de que cada momento da vida, inclusive aquele, oferecia uma escolha. Ele poderia optar pela ficção fabricada de uma história ou abraçar os altos e baixos descontínuos da existência humana e viver sem a segurança de uma história. De imediato, Sartre tomou uma decisão. Levantou-se, saiu do bar para a tempestade e nunca mais viu a mulher. (Anne Bogart, A preparação do diretor, p18)
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