Dramaturgia criada em processo:
O projeto de construção da peça “Baleia”, surgiu como continuação de uma pesquisa iniciada em 2011 com a montagem da peça: “Ucrânia 3”. A pesquisa consiste na criação de dramaturgia autoral inserida no processo e na metodologia dos ensaios. Descobrir e construir a ficção, faz parte do processo. Desde 2011 o grupo de artistas, maior parte graduandos do curso de teatro da UNIRIO (Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro), buscam: criar metodologias e uma linguagem teatral que contempla a criação de dramaturgia autoral; um funcionamento colaborativo do teatro; diluir as fronteiras dramaturgia/ cena, para se retroalimentarem na produção do texto e do espetáculo. Um processo com dois resultados.
Para que a dramaturgia caminhasse junto com a cena foi necessário um primeiro momento com muita pesquisa e poucos ensaios. Entre o período de agosto de 2012 a fevereiro de 2013, a partir de oito ensaios com os atores, a direção em conjunto com a dramaturgia, elaborou um olhar específico sobre as relações estabelecidas entre eles. Ficcionalizar a sala de ensaio foi a primeira parte de processo, e para isso foi preciso buscar referências externas (peças, romances, textos teóricos, filmes, vídeos...), associar o que foi criado nos ensaios com o mundo, para depois, recomeçar com um esboço de ficção.
A primeira referência do processo foi a frase do Caetano Veloso: “Aqui tudo parece que era ainda construção e já é ruína” da música “Fora da ordem”. A frase é usada e citada em outros trabalhos artísticos, como uma série de fotos de João Castilho com mesmo nome, que registra construções abandonadas no Mali, África Ocidental : “É uma metáfora do terceiro mundo onde as tentativas e os desejos são sempre abortados.”. A imagem de um espaço que é abandonado antes mesmo de construir uma história, finalizar sua arquitetura, sugeriu para a dramaturgia de “Baleia” uma pesquisa com a superficialidade dos encontros casuais, com situações de encontros na multidão: um esbarrão, um cumprimento, “dá licença, por favor”. Trajetórias individuais que se esbarram no meio do fluxo cotidiano, mas retornam à sua individualidade. Histórias que são imaginadas e não se concretizam, não passam do início: o sujeito prefere vivê-las com segurança, como ideias em ruína.
Os ensaios começaram em fevereiro de 2013, e atualmente.................
Busquei me colocar como desconhecido para ler essas palavras, exercitar esse distanciamento difícil. Aí sugiro uma alteração que pode clarificar o olhar dos desconhecidos de fato. Onde diz ''ficcionalizar a sala de ensaio'', talvez adicionar os materiais surgidos na sala de ensaio.
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