fragmentos do trabalho de João Castilho

quarta-feira, 3 de abril de 2013

prólogo




Olhando friamente as coisas, conseguimos, com facilidade ser reduzidos a números. "O que a maioria das pessoas vê como caos, na verdade segue sutis leis de comportamento". Num planeta com 6 bilhões 973 milhões 738 mil 433 pessoas, cerca de 22 milhões têm 60% de seus alimentos ameaçados por uma nuvem de gafanhotos na ilha de Madagascar. Cerca de 100 mil pessoas que se perderam numa ilha mandaram uma mensagem de socorro dentro de uma garrafa.  700 milhões já se imaginaram nessa situação. Eu sinto falta de um cachorro que eu tive quando era criança. O nome dele era Tempo. E o Tempo corria atrás de mim até um dia que sem querer, acidente mesmo, meu pai esmagou o cachorro com um Chevette 1974. Textos padrões tem espaçamento um e meio em computadores que se reduzem a códigos binários. 815 mil pessoas cometeram suicídio no ano 2000, o que perfaz 14,5 mortes por 100 mil habitantes ou uma morte a cada 40 segundos. Os que se mantém vivos falam cerca de 2.250 palavras por dia. Todas elas engolidas pelo ar. Deglutimos o ar em inspirações cerca de 85 mil vezes por dia. Cerca de 80 por cento das crianças prometem a si próprias que jamais serão iguais aos seus pais. Cada trago de cigarro mata cerca de 100 alvéolos. Eu li num livro que "a probabilidade de um beija-flor morrer esmagado é igual ou menor que a probabilidade de soltar duas pessoas, uma na Índia e outra no Brasil, e esperar que elas se esbarrem em algum momento da vida". Estou vivo há 22 anos , 22 dias , 11 horas e 55 minutos. ou 695 milhões 733 mil e 900 segundos. Não passo de zero e um.


2 comentários:

  1. Uau, poesia chegou com tudo. Me emocionei com o Tempo. Que Ele seja generoso com essa baleia nos mares que ela venha a navegar.

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  2. Gostei de ler esse prólogo ao som de ''Fidalgo'' - Mohandas

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