fragmentos do trabalho de João Castilho

sexta-feira, 4 de janeiro de 2013

Para Clarice:


“A literatura é desvio fora dos caminhos do logos habitual: é fuga do mundo do discurso. Com essa, escreve Bataille, se entra numa espécie de tumba onde o infinito do possível nasce ‘da morte do mundo lógico’: um espaço terrível, o único em que é possível ligar ‘intimamente a afirmação à negação’. É assim que essa cumpre ‘aquilo que geralmente é obra do “tempo” – o qual, de todas as suas construções deixa subsistir apenas os rastros da morte. Acredito que o segredo da literatura seja este. E que um livro se torna maravilhoso se habilmente ornado pela indiferença das ruínas.’ [...] Portanto, a literatura é uma saída do princípio de não contradição que domina o pensamento lógico; é a afirmação de uma contradição nos confins onde podemos colher, talvez como em toda autêntica contradição, o impensado da vida, quando esta se encontra com a morte. A arte, a literatura como a pintura, debruçam-se constantemente sobre aquilo que é invisível ao pensamento lógico, ou seja, a paixão, que Esquilo dizia ser o verdadeiro saber do mundo: o sofrimento, a alegria, o terror, o tédio e, de fato, no fundo de tudo, justamente como intuiu Bataille, as máscaras da morte.”
(RELLA, Franco – Di fronte all’indicibile)

ps: Presente do Vini, namorado da Mira.

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