Victor – Um ponto cinza, dentro de um buraco branco, no
canto da copa. O buraco, o buraco branco é causado provavelmente por infiltração, e o buraco cinza tá bem
centralizado dentro desse buraco branco, minto, o buraco causado pela
infiltração é cinza e deixou de ser branco porque o gesso caiu, então e o gesso
cai o que fica é o reboco que é cinza. Então: o buraco branco dentro de um
buraco cinza causado por infiltração no canto da copa. (Entra Fe em direção ao
canto da copa, Victor observa.) Um buraco branco, minto, cinza, causado pela
distância entre o buraco branco e o canto da copa (Ana assume o canto da copa).
O buraco cinza encosta no canto da copa (Fe encosta em Ana).
Ana – Oi?
Victor – O canto da copa fala.
(Fe tenta se explicar)
Ana – Tá. Mas não dá, tá?
Fe – Não, porquê..
Ana – Esse tipo de brincadeira não dá.
Fe – Não é brincadeira.
Ana – Brincadeira destrutiva em espaço público não dá.
Victor – O canto da copa se irrita com a destruição do ponto
cinza.
Fe – Eu tava calculando o espaço que eu deveria, para
alcançar...
Victor – O ponto cinza tenta conciliação.
Ana – Mas então, já deu.
Victor – O canto da copa se mantém firme.
Fe – Porquê? (Fe continua falando tentando se explicar,
engolida pela Ana e Victor)
Ana – Não. Só isso. Tudo bem, cara, não fica estressada. Só
não dá pra quebrar a parada.
Victor – Conflito entre canto da copa e ponto cinza.
Fe (confusa ou dissimulada) - ... tu viu onde?... é...
Ana – Eu vi o que?
Fe – Tu viu o que eu ia estragar? Eu não ia estragar.
Ana – Clara que ia cara, o negócio é super delicado, super
fino...
Fe (exaltada) – Tudo bem!
Ana (exaltada) – Tudo bem o que?
(Elisa entra e pula nas costas da Fe que grita)
Victor – ponto cinza é surpreendentemente atingido por maça.
Ana – Oi flor.
Victor – Maça abraça canto da copa.
Ana (pra Elisa) – Ainda bem que você chegou. Tava tenso o
ambiente.
Fe (exaltada) – Ah, tava tenso o ambiente!
Victor (sendo beijado pela Elisa) – Maça do amor.
Fe (pra Ana) – Não dá pra tocar nas coisas aqui, é isso?
Ana – Dá pra tocar, o que acontece: você tá puxando aqui...
Fe – Eu sei o que acontece...
Ana – Fui eu que botei o negócio que tá ali. Esses canos todos
aí, eu ajudei a botar.
Fe – Que canos? Nada a ver!
Victor – Canto da copa e ponto cinza partem para a mão.
(Fe e Ana continuam discutindo mais próximas)
Victor – Fixa de gaza entre canto da copa e ponto cinza.
Ana (pro Victor) – Fixa de gaza não. Calma aí cara.
Victor – Canto da copa se interpõe a descrição.
Ana (pro Victor) – Cara olha só, eu to muito tranquila, eu
to tipo rindo.
Fe – Tá tranquila porquê tu fica estressando os outros, sabe
que isso é péssimo né?
Victor – Maça do amor.
Ana – Vamos fazer o seguinte, eu vou ficar aqui na
janelinha...
Victor – Maça do amor.
Ana - ...você quebra essa merda, e depois não vem falar nada
comigo não.
Victor – Maça do amor.
Elisa – Nossa que baixo astral, gente.
Fe (exaltada) – Claro, porquê é uma coisa que eu tava fazendo
e tu vem aqui e interfere. Tudo bem, a gente vai ficar horas discutindo uma
coisa que não tem nada a ver.
Ana – Não vai ficar horas discutindo, se você parasse pra
ouvir. Eu vi que você realmente ia quebrar o negócio e não tinha necessidade...
Fe - Mas da onde eu
ia quebrar?
(Ana ri)
Fe - ...eu não tava puxando. Ela só ri.
Ana – Você tá ai falando no meu ouvido, uma coisa que eu só
fiz uma crítica básica.
Fe – Tu nem esbarrou em mim, pra começar.
Ana – Você não consegue nem perceber isso que eu fiz..
Fe – Ah! Odeio isso.
(Elisa e Victor assistem como plateia. Fim.)
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