... por mais distraídos que fôssemos, ainda era preciso buscar distrações
fragmentos do trabalho de João Castilho
terça-feira, 28 de maio de 2013
Para Inês, antes de morrer
Antes de morrer, queria mesmo é saborear um bom sorvete de tapioca olhando daqui mesmo, pra essa paisagem que eu escolhi. Traria comigo, para trocar, o livro que fiquei na dúvida se ela já teria, ou gostaria, ou já teria lido, ou não. Apagaria da memória dedicatórias esquecidas. Crônicas. Fados. Contos. Viagens. Melodias. Harmonias ausentes. Dores pontiagudas. Náuseas. Quereres que me tornavam apática diante dessa multidão de um milhão de solitários carregados de maquiagem, da aparência que eles me provocavam. Ah, eu teria sido e vencido outros, ruínas que eu mesma construí pra mim, e que hoje eu não colocaria sequer a mão na areia que já se mostrava movediça desde o início. Mas o tempo é tempo, esmagado ou não, ele passa, eu passo e talvez ele não me permita realizar tudo isso, antes de morrer. Se ele me permitir, ainda assim, morro INÊS.
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