falhei com os prazos. demorei demais para escolher um meio. não dei conta de vocês. não consegui que ninguém se apaixonasse por mim, nunca. reprovei a sétima série. não fui a alguns aniversarios por preguiça. não me comovi com o discurso de dor de ninguém. caí dentro do meu próprio umbigo e me arrependi de nunca tê-lo lavado bem. seria injusto a essa altura não dizer que eu nunca fiz uma carta suicida. que depois de um certo cansaço, você não tem mais nada para dizer. e não tem nada a ver com sorvete, borboleta, relógio, fado. querer dormir quando se tem uma insônia é muito mais parecido com a vontade de se matar que qualquer outra metáfora. é só dormir. sem verso, sem razão, sem preparo. às vezes a gente cansa de ter a pálpebra transparente e a pele ácida. ninguém fica perto muito tempo. é diferente pra nós e pra eles, o tempo. e ai ter que fingir fingir. mas a gente falha. e o apartamento pequeno é grande demais para ser inundado pelo gás. mas vc acha que morreu. e dorme. sem carta. aí vc acorda. e tudo bem. porque você conseguiu dormir e o tempo continua passando esquisito. mas tudo bem. você consegue dormir. tudo bem. tudo bem.
uau!
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