*coreografia "o sorriso de Rory"
- (dando-se conta) Ah...eu tenho que contar, né? Todo mundo chegou aqui e contou. Tripulação...oito, capacidade por passageiro.... dois mil, sentados são mil e trinta e cinco, em pé novecentos e sessenta e cinco. Dois mil e oito coletes salva vidas, duzentos de criança. Seis bóias, aparelhos flutuantes....doze , ALI! 1,2,3 ali,ali,ali 4...5. 5 olhares que se multiplicam dessa posição. 6, ALI,ALI. Sete, eu não posso perder nenhum. 8,9 aquele que olha mas finge que não olha. DEZ, DEZ(confunde as palavras e as ordens) desculpa. (cai e ri) eu espio pra fingir que eu não olho. 11, 12,13 (cai e ri) ali, 14,15 ali, desculpa, deixei cair meu pensamento. (gira e repete as informações de forma desconexa até tomar consciência de si)
- Ihh...A gente nem se conhece. Desculpa. Ai, que exposição desnecessária.... A gente nem se conhece...Eu juro que eu vou sumir, eu juro. Desculpa ,que foi que eu fiz... viver é tao constrangedor e tudo que a gente menos quer dizer fica estampado entre a perna empapada e o azul. Eu nem fumo na verdade. (apaga o cigarro sem graça)
* coreografia livro. (até explodir e pegar a maça)
- Eu tenho uma coisa pra falar. Ei! Eu preciso dizer uma coisa que eu comecei a pensar nos últimos minutos. (comendo a maça) Tudo que eu não sei falar inclui esse entre. Eu não sei o que eu estou fazendo aqui se eu odeio esse lugar. Fico pensando nessas coisas. Ai uso o esbarrão para tentar quebrar algo que não sei como se fabrica mas as desculpas me atropelam anulando o ato. Eu queria aprender a não pedir desculpas mas essa coisa premeditada da alegria é muito decadente... Tem um homem aqui, o francês, ele é muito espaçoso e usa uns sapatos enormes. A mulher dele, coitada, é obrigada a lavar todos os dias as barcas ouvindo desaforos diários. Ela consegue ser mais irritante quando esta bem-humorada. O nome dela é Inês porque perdeu toda a cor no mar. Ela era ruiva e deixa tudo , ate a morte , com cheiro de maça verde. Ai todo mundo se banca, se esbarra, se bica, se beija, sinteco. E isso porque são 40 delas soltas pela cidade, 40 delas enquadradas no metro, 40 delas dando bom dias na padaria e quarenta aqui, se esbarrando. Mas de quem eu tenho mais pena mesmo é da pequenininha....tadinha.
- Não vale o que imaginamos e muito menos sorrir desse jeito pra cobrir o silencio que sempre fica e por isso sejamos concretos, ó bancos, cimento, ferrugem. bolsa, cigarro, veja multi uso maça verde, sapato. O azul se espalha pela barca impossibilitando a busca por outras distrações e todo mundo prefere ficar de olho no meu... Ai eu espio. Eu espio porque é culpa dele. Do azul.
- Eu estava chorando porque era mais fácil do que rir, mas não traria diferença era só agua da baia com derramamento de óleo. Eu estava parada, de olhos fechados, tentando me equilibrar e ouvi uma baleia passando. Nem tao fria que parecesse cínica, nem tao perto para ficar cega. Eu fiquei ali, esperando que a baleia me engolisse, no auge da sua crueldade, ela foi embora e me deixou vivendo. Eu só lembro do barulho do meu estomago.
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