fragmentos do trabalho de João Castilho

quarta-feira, 5 de dezembro de 2012

eu chego atrasada. o alongamento está no auge da coreografia. o ritmo é externo. o movimento é coletivo. eles giram.

A tenta girar como se tivesse o quadril de água. é na falha que acerta. B ganha intimidade com o chão. C descobre um braço que leva o corpo. B gira pelo ombro com os braços moles. D se descabela num balé desesperado. a tontura morde a orelha de pelo menos dois. preciso ligar para a minha avó. preciso comer alguma coisa. enjoada. de novo. A tenta abrir os ventos com o bico da mão. é infeliz cada vez que descobre sua matéria. C agora é extensão da perna. D não para de pensar em A B e C. 5 minutos. então. não mais. A percebeu que não dá pra ser feliz que nem as folhas porque a felicidade não existe. não. as folhas não existem. não. mundinho escroto de merda.
na metade na piscina, os 4 nadadores percebem que as raias limitam a sua existência. cansados de buscar o nada passam a olhar em volta como se buscassem no outro a si mesmo. C observa. todos se sentem sozinhos. PIIIII. 5 minutos. é difícil escrever comendo. uma tosse acaba com a atmosfera. quando um quebrar a raia, a raia deixa de existir. é assim que funciona. C gesticula compulsivamente, sem que o resto do corpo obedeça.
- que susto
- desculpa. às vezes eu tenho espasmos
- tudo bem. tava tudo calmo antes de você chegar
- desculpa
- era chato
- eu podia me apaixonar por você
- isso é um espasmo?
- o que? acho que é.
- eu gosto
- você é esquisito
- será que você podia ficar mais um pouco?
- ah, não. se eu ficar, eu morro?
- sério?
- não. mas eu durmo por dez anos
- e você continua tendo espasmos?
- é só o que fica
- tudo bem para mim, então

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