fragmentos do trabalho de João Castilho

sábado, 25 de agosto de 2012

ok

Por favor, não me entenda mal, a gente nem se conhece, mas eu precisava falar algumas coisas que eu comecei a pensar nos últimos minutos. Talvez eu já venha pensando há algum tempo, mas como a gente só se conheceu agora, acho que posso começar a formular ou talvez eu só vá dando vazão ao que eu preciso dizer de forma que você tente arquitetar as minhas ideias como suas e de alguma forma crie uma linha que não necessariamente tenha sentido, mas que siga alguma direção ou simplesmente nos ponha em outro lugar. Escuta, com isso não estou querendo falar do vácuo onde a gente se encontra, a essa altura, falar do vazio seria como falar se chove ou faz sol. Estou tentando ir um pouco além do que a gente não sente, sei que a gente acabou de se conhecer, mas tem uma coisa aqui e eu sei que você também sente, porque é visível pela sua inexpressão ou pela sua falta de vontade de continuar me ouvindo, talvez porque a gente nunca tenha chegado a se conhecer, mas do início até agora eu sei que você sabe que alguma coisa mudou e que você sabe que eu preciso ir até o fim, porque talvez nada mais seja real e eu não estou falando do que existe de fato, mas do momento em que tendo alguma coisa para dizer e achando a pessoa que precisa ouvir, a gente ganha consciência de que mais nada poderia estar acontecendo e mesmo que esteja não é um fato e não estou falando de história e de linhas, embora esteja, o que eu quero dizer é mais simples e um tanto mais incomum apesar de banal e é que sempre que eu te vejo embora essa seja a primeira vez por favor não entenda que estou te seguindo apesar de sempre saber que você existe e mais uma vez não estou falando de existência é que as vezes as palavras nos obrigam a usá-las mesmo sem que de fato queiramos dizê-las e isso se aproxima um pouco de onde eu quero chegar ainda que mais distante do que antes não pelo campo linguístico talvez algo mais magnético não se preocupe não vou falar de metafísica embora só saibamos dizê-lo com tudo que a gente lê e não me venha dizer que você não lê porque os que não leêm acabam por ler mais por uma questão de condição mesmo não de classe de classe não mas de achar que passar o olho não é ler e com isso acabar lendo mais coisas sem o saber e desculpa me desviar do nosso foco ás vezes é difícil não encaderar ideias por mais que façamos esforço para simplesmente dizer as coisas acabam falando por nós e esse esforço ridículo ri da gente como aquelas babás que descontam suas ridículas roupas brancas nos bebês-ruínas para se sentirem um tanto mais humanas e não estou falando de identidade é algum muito mais sutil e vago talvez mais relacionado ao se intromete no meio do que se diz do que ao que se diz de fato não que eu tenha algo para dizer por favor não vá embora antes de eu concluir meus pensamentos juro que não vou chegar a nenhum lugar você me conhece tão bem que pode prever tudo que eu tenho pra falar antes que eu o diga e toda vez que eu começ você faz a mesma expressão e eu sei o quanto estamos nos entendendo porque temos algo não eu e você mas o que eu tenho pra dizer e o jeito que você escuta em comum com o lugar onde as coisas vão quando são ditas que de todos é o mais claro não quero com isso ser obscuro por favor não me entenda mal mas no minuto que comecei a decidir que dizer seria mais importando que demostrar encadeei algumas coisas que talvez não estivessem lúcidas o suficiente antes  para virarem o que estava por vir que talvez ja tenha ido mas talvez com menos certeza e mais decisão possa vir a ser o que de fato não importa e com isso esteja mais livre para ser o que de fato é não que as coisas sejam ou que ser as coisas seja outro questão de ser que não a coisa em si e o ser não sendo mas toda vez que eu penso sobre isso mesmo essa sendo a primeira a sua imagem ganha mais forma em perder-se da forma do que em continuar te sendo e por isso eu vou ficar aqui. Quando você terminar o que tem pra fazer, me responde, ok?

Nenhum comentário:

Postar um comentário